
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO
AUTOR: VLADIMIR DE PAULA BRITO
A desigualdade do valor da informação para ricos e pobres dá origem a uma instabilidade infortunada. Com os ganhos de produtividade possíveis, graças à informação e aos instrumentos informáticos disponíveis, as nações e pessoas ricas do mundo aumentarão seus bens e serviços econômicos, ficando, portanto, mais ricas.
Conforme enriquecem, passam a usar o mercado de informação de modo ainda mais amplo, desfrutando de um crescimento econômico exponencial. Os países e as pessoas pobres, por sua vez, não conseguem dar inicio ao processo de crescimento. Sua tendência é subutilizar os recursos de informação, pois não estão ao seu alcance.
Assim, não conseguem iniciar a curva de crescimento. Permanecerão na mesma situação, o que significa, em termos relativos, ficar cada vez mais para traz, em relação aos ricos.
A conclusão dolorosa é que, deixado por sua própria conta, o Mercado de informação aumentara a brecha entre países ricos e pobres, e entre pessoa ricas e pobres. (DERTOUZOS, 1997, P.303).
INTRODUÇÃO
A economia capitalista tem sofrido uma serie de transformações nas ultimas décadas. Com a queda do muro de Berlim e a proliferação de novas tecnologias relativas à produção e , sobretudo, disseminação de informação, o capital rompeu os últimos bastões de resistência ao seu fluxo.
Estas modificações, batizadas pela construção de uma emergente “Sociedade da informação”, tem pautado, e certamente o farão cada vez mais uma série de profundas mudanças socioeconômicas envolvendo quase todo o globo. Como todo processo dessa natureza, as sociedades que não construírem respostas coletivas para essas amplas gamas de transformações correm o risco de se verem à margem das principais relações econômicas mundiais.
Observam-se somas astrômicas de capitais, utilizando-se de redes interconectadas, fluindo através do globo em uma busca constante de mercados mais rentáveis e especulativos. Vê-se o uso da Internet para ampliação do comercio entre nações, para cirurgias à distância, para facilitar o trabalho em grupo com os decorrentes ganhos de produtividade deste. Para algumas pessoas, as agências bancárias, as lojas de conveniência, as farmácias, os cursos de línguas e até mesmo o trabalho são virtuais há muito tempo, com as vantagens de tempo, dinheiro e oportunidades que se ganha com isso. Este é o mundo perfeito da globalização e do neoliberalismo, em que a tecnologia pode servi ao homem.
Como podemos constatar, a dinâmica da dita sociedade global baseia-se na concentração de rendas e oportunidades, e, caso não construam instrumentos para modificar a dinâmica atual, a exclusão, infelizmente, só tende a aumentar.
A Escola Pública, em paises como o Brasil, pode cumprir mais um papel fundamental. Como os novos paradigmas econômicos e sociais são edificados pela via de informação e do conhecimento, a Escola, como um ambiente cujo trabalho envolve centralmente estes, tornou-se um instrumento central para o ingresso do cidadão no mercado de trabalho formal.
Com a amplitude das questões postas, a Escola se configura como um importante instrumento de inclusão social, no sentido da formação e instrumentalizaçao para uma sociedade que exige o desenvolvimento de capacidades para um mercado de trabalho “informacional”, mas, sobretudo, como fomentadora de contradição e espaço de formação da criticidade, tão fundamentais às transformações sociais. Mediante o uso da Internet, o cidadão comum pode obter uma serie de informações, que vão do seu saldo bancário, passando por oportunidades de emprego e como tem votado o seu deputado, até o que tem feito a Administração da Prefeitura. Caso a Escola consiga disponibilizar os recursos tecnológicos disponíveis, subordinando estes à construção de cidadania, poderemos, num futuro próximo, ter a capacidade de incluir, numa sociedade que por habito exclui, ao mesmo tempo em que poderemos questionar os porquês da estratificação, em vez de nos comportarmos como se as regras do jogo fossem imutáveis e inquestionáveis.
CAPITAL FINANCEIRO E ESPECULATIVO
O surgimento do capital financeiro parte da seguinte lógica econômica: a produção gera lucros ao capitalista; enquanto uma parte do lucro geralmente é reinvestida na produção, uma outra é realizada, ou seja, o capitalista a toma para si e para seu bem-estar. Com o tempo, o dinheiro que o capitalista não reinvestia passou a ser utilizado em empréstimos para outros capitalistas que precisavam de capital para alavancar um dado negocio, como uma nova fabrica. Á medida que o tempo passava, alguns capitalistas chegaram a conclusão de que era bem mais lucrativo viver emprestando o capital por aí e fazendo-o crescer constantemente com empréstimos do que se arriscar a produzir alguma coisa, surgem os financistas, e surge o capital que é gerado pelo próprio capital, sem vinculo direto com o sistema produtivo.
Á medida que as economias foram fazendo uso intensivo do capital disponível, passou a ser comum a especulação financeira, em que a simples transferência de capitais de um lugar para o outro significa a total falência econômica ou a conquista de novos mercados.
GLOBALIZAÇÃO, TRABALHO E EDUCAÇÃO
Com o capitalismo informacional, ter acesso à Escola e à informação, mais do que acesso à cultura ou a possibilidade de ascensão social, significa ter acesso ao mercado de trabalho. Nesse sentido, o capital, reserva à Escola, mais uma vez, o papel de formadora de mão-de-obra.
Se por um lado é inegável que as melhores oportunidades profissionais, estão vinculadas à capacidade do uso da informação, por outro, a Escola não deve assumir somente o papel de capacitadora para o trabalho. A Escola pode e deve cumprir um papel muito mais importante para a sociedade, em particular para os segmentos oprimidos, que é o de elo de continuidade cultural, de transmissora e construtora de cultura.
Antes de tudo, o grande desafio colocado para Escola Pública é a subordinação das ferramentas informacionais ao projeto político-pedagogico que se constrói dentro das mesmas. De pouco adiantam ferramentas de informação disponíveis sem um projeto de como utilizá-las, e, por mais que desejamos a simples possibilidade de comprar um produto que resolva todos os nossos problemas, a sua resolução relaciona-se à construção de uma política. É a partir do projeto político-pedagógico que podemos tecer os fundamentos de para quê e como aplicar a tecnologia.
Á medida que a Escola elucide as suas perspectivas político-pedagogico aí sim, a tecnologia pode e deve cumprir um grande papel.

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